A apresentadora e militante Bárbara Rufino, conhecida por sua atuação em pautas sociais em Ituiutaba (MG), fez duras críticas à atual gestão municipal durante entrevista concedida ao programa Prosa e Notícias na Rádio InterativaFM no dia 08 de outubro de 2025. Ao longo da conversa com Jaderson Agostinho e Fábio Siqueira, Rufino falou sobre o uso de recursos públicos na construção de moradias populares, a suspensão do Cartão do Povo e as denúncias envolvendo a Fundação Cultural do município.
MORADIAS POPULARES E CONTRATAÇÕES EXTERNAS
Logo no início, Bárbara apontou a falta de transparência nas informações sobre as 500 moradias que Ituiutaba foi contemplada com recursos do governo federal. Segundo ela, a Prefeitura não tem divulgado dados básicos sobre a execução das obras e a construtora responsável. “A gente não vê uma atualização pra população em tempo real, como deveria acontecer, diferentemente de outros municípios”, criticou.
A apresentadora também questionou o processo de contratação de trabalhadores da construção civil, afirmando que nenhum morador local foi empregado nas obras, mesmo após ampla divulgação de vagas pelo Sine e pela Secretaria de Desenvolvimento Social. Para Bárbara, o problema não está na falta de qualificação, mas na ausência de prioridade aos trabalhadores da cidade. “Quantas pessoas de Ituiutaba foram contratadas? A resposta é nenhuma. Estão trazendo gente de fora”, afirmou.
Sobre o andamento das obras, Bárbara demonstrou descrença quanto ao prazo de entrega previsto para o final de 2026, lembrando que o cronograma coincide com o período eleitoral. Ela citou o exemplo do conjunto habitacional Nova Ituiutaba II e IV, entregue após mais de oito anos de espera, e garantiu que seguirá acompanhando o processo até a divulgação da lista de contemplados. “Não vamos permitir a política do apadrinhamento”, advertiu, prometendo recorrer a órgãos federais caso sejam constatadas irregularidades.
SUSPENSÃO DO CARTÃO DO POVO E IMPACTO SOCIAL
Bárbara também criticou duramente a suspensão do programa Cartão do Povo, benefício destinado a famílias de baixa renda. Segundo ela, o decreto que suspendeu o pagamento foi publicado um dia após um evento oficial custeado com recursos públicos para divulgar uma “nova rede de benefícios”, que, na prática, não substitui o impacto do Cartão do Povo.
Ela classificou a justificativa de falta de recursos como incoerente e apontou que outros projetos financeiros continuam sendo aprovados pela Câmara Municipal. “A todo momento vemos aberturas de crédito e gratificações. Então o problema não é falta de dinheiro, é falta de prioridade”, declarou.
Para a apresentadora, a decisão representa um golpe no orçamento das famílias mais vulneráveis, especialmente no fim do ano. “O décimo terceiro faz diferença no orçamento dessas famílias, movimenta o comércio local e garante um Natal digno”, afirmou. Bárbara também ironizou o prazo da suspensão, válido até dezembro de 2025, lembrando que a retomada prometida para 2026 coincide com o período eleitoral.
Rufino ainda subiu o tom e cobrou coerência da prefeita e da secretária de Desenvolvimento Social: “Promessa é dívida. Então, cumpram a promessa de vocês e paguem o décimo terceiro do Cartão do Povo. Essas famílias merecem o mesmo respeito que os políticos terão no fim do ano.”
DENÚNCIAS E DOSSIÊ CONTRA A FUNDAÇÃO CULTURAL
Em outro momento da entrevista, Bárbara apresentou documentos e prints de um dossiê de 46 páginas encaminhado ao Ministério da Cultura e ao Ministério Público Federal, denunciando supostas irregularidades na aplicação dos recursos da Lei Paulo Gustavo.
Segundo ela, a Fundação Cultural teria realizado contratações ilegais de pareceristas externos, sem licitação, em desacordo com os editais e com a legislação pública. Além disso, os avaliadores nomeados manteriam vínculos contratuais ou societários com a administração municipal e com empresas fornecedoras da Prefeitura. A denúncia também aponta falta de transparência, ausência de relatórios técnicos e benefício direto a servidores comissionados e contratados que tiveram seus próprios projetos aprovados e financiados.
Bárbara exibiu trechos do andamento da denúncia no Ministério Público Federal e rebateu críticas de que o caso seria falso. “Insinuaram que a denúncia era fake, mas isso era apenas uma tentativa de desviar o foco. Essas pessoas terão acesso ao teor do documento quando forem notificadas”, afirmou.
A militante destacou que a Lei Paulo Gustavo destinou quase um milhão de reais a Ituiutaba, com o objetivo de apoiar artistas afetados pela pandemia, mas parte dos recursos teria sido direcionada a pessoas sem vínculo com o setor cultural. “É triste ver que o dinheiro não chegou para quem mais precisava. Há gente que trabalha com cultura há anos e ficou de fora, enquanto outros, sem qualquer histórico, foram beneficiados”, lamentou.
Ela também mencionou indícios de irregularidades na execução da Lei Aldir Blanc, afirmando possuir áudios que indicam reuniões de portas fechadas para organizar a distribuição dos recursos. Embora tenha optado por não divulgar o material para preservar a identidade dos envolvidos, assegurou que ele compõe o dossiê entregue às autoridades.
FISCALIZAÇÃO E COBRANÇA POR TRANSPERÊNCIA
Durante a entrevista, Bárbara reforçou o compromisso de acompanhar pessoalmente o andamento das investigações e de seguir fiscalizando as ações da administração municipal. Para ela, as denúncias protocoladas — que também envolvem setores de educação, saúde e assistência social — são um reflexo da necessidade de vigilância constante sobre o uso do dinheiro público.
“Depois das denúncias, vimos avanços, como as exonerações no setor social e novas fiscalizações no transporte escolar. Isso mostra que oficializar é importante. Mas ainda há muito a ser respondido”, avaliou.
A apresentadora afirmou que publicará partes do dossiê e comprovantes dos processos para garantir transparência à população. “A própria população precisa ter acesso a essas informações. Estamos falando de recursos públicos, de dinheiro que deveria chegar a quem mais precisa”, concluiu.
Veja a segunda parte da entrevista de Bárbara Rufino, na íntegra, ao Programa Prosa e Notícias:
											
								
								
															

