Na manhã da última quinta-feira, dia 02 de outubro de 2025, o ex-vereador e assessor parlamentar Renato Moura participou do programa Prosa e Notícia, na sede da rádio InterativaFM, em Ituiutaba (MG). Em entrevista conduzida por Jaderson Agostinho e Fábio Siqueira, Renato fez diversas observações sobre a atual gestão municipal, além de graves denúncias de possíveis esquemas de corrupção em diversos setores da Prefeitura de Ituiutaba.
Renato Moura não poupou críticas ao atual vice-prefeito de Ituiutaba. Segundo ele, a população desconhece a atuação do ocupante do cargo. “Se você fizer uma pesquisa hoje em Ituiutaba, e se você pegar uma população de 112 mil habitantes, 111 mil não sabem quem é o vice-prefeito. Eu não estou falando isso contra a pessoa dele, mas contra o que ele representa. Fazer vídeo de vez em quando não é honrar o salário de vice-prefeito”, disse.
Renato ainda reforçou a crítica: “A informação que eu tenho é que ele é uma pessoa extremamente depressiva, que acorda às três da tarde, aparece de chinelo na secretaria onde a esposa é nomeada. Isso é doença, e por isso eu disse que o caso é de CAPS. Eu valorizo esse serviço, mas não aceito que se use uma condição de saúde como palanque político”,
Outro ponto polêmico, citado por Jaderson, foi a possível mudança de nomenclatura de cargos ligados ao atendimento a crianças que necessitam de um atendimento especializado, o que poderia reduzir salários. “Hoje, quem faz esse atendimento recebe R$2.400 reais. A proposta é cair para R$1.500. Esse é o tipo de discussão que o vice-prefeito deveria liderar, e não fazer postagens nas redes sociais”, criticou o apresentador.
Renato reforçou a importância do tema. “O autista precisa de respeito. Políticas públicas nesse setor são urgentes e não podem ser usadas como bandeira eleitoral”, acrescentou.
O assessor parlamentar avaliou ainda a fragilidade política do vice-prefeito diante da Câmara Municipal. “Ele chegou a sinalizar que poderia ser pré-candidato a deputado, mas recuou rapidamente após críticas. Procurou apoio em Belo Horizonte, depois mudou de posição, declarou apoio a um vereador… Não tem firmeza”, disse. O ex-vereador também comentou a postura de aliados que mudaram de opinião ao longo do tempo. “O presidente da Câmara já criticou o vice-prefeito, hoje o apoia. Isso mostra a instabilidade do cenário político”, analisou Moura. “Para mim, ele não representa nada além de um CARGO de vice-prefeito”.
EDUCAÇÃO
Renato classificou a pasta da Educação no município como “um balcão de negócios” e apontou indícios de superfaturamento em contratos milionários. “Hoje, a área da educação tem sido usada pela chefe do Executivo como balcão de negócios. Principalmente quando viajam a Brasília, é atrás de ata de registro de preço. A Secretaria virou balcão de negócio nos últimos anos”, afirmou.
Contratos da merenda sob suspeita
Um dos principais alvos de Renato foi o contrato da merenda escolar. Segundo ele, o valor praticamente dobrou nos últimos anos, sem que isso se refletisse em melhorias na alimentação oferecida aos alunos. “Antes, a merenda custava seis milhões por ano. Hoje, o contrato é de quase quatorze milhões, com uma empresa muito suspeita. E mesmo assim, professores da zona rural me disseram que, se antes havia três verduras no cardápio, hoje só tem uma. Estão deixando roubar a merenda das nossas crianças”, denunciou.
Piso e contratos milionários
Renato também questionou o uso de recursos vinculados ao piso salarial da educação e citou casos de obras mal executadas. “Colocaram piso até na terra, na zona rural, um milhão e quatrocentos mil reais jogados fora. Hoje, esse piso virou criadouro de mosquito da dengue. Isso é criminoso”, disse.
Ele ainda mencionou contratos de livros escolares com valores considerados desproporcionais. “Um livro [didático] de 267 reais a unidade. Isso não é livro de colecionador. A prefeitura hoje é administrada por atas de registro de preços”, declarou.
Estrutura escolar precária
As críticas também se estenderam à infraestrutura das escolas municipais. Renato relatou casos de obras prometidas que nunca saíram do papel. “Na escola Camilo Chaves Júnior, a prefeita desceu de carro, fez vídeo dizendo que a obra começaria no dia seguinte. Não começou nada. Tiraram as crianças de lá e colocaram em um prédio precário, que agora ameaça cair. Recentemente, parte da estrutura desabou”, denunciou.
Outras unidades também foram citadas, como a escola Aida Chaves, no bairro Satélite Andradina. “A situação é precária. Está faltando papel higiênico, copo, até itens básicos. Professores e diretores me mandam mensagens diariamente sobre isso”, relatou.
CEMAP e perseguições políticas
CEMAP, centro que historicamente foi referência na cidade. “Sempre foi referência. Mas acabou?”, questionou. Renato respondeu que não tem clareza sobre a situação atual, mas sugeriu motivação política. “Parece que estão perseguindo a vereadora Joelma, que é funcionária antiga do CEMAP. Tiraram o espaço mais por política do que por necessidade administrativa”,
Encerrando a análise sobre a educação, Renato voltou a cobrar ações do Ministério Público diante das irregularidades citadas. “Tem muita coisa criminosa acontecendo na Secretaria de Educação. Precisa ser revista. O Ministério Público precisa tomar providência. Enquanto isso, nossos professores e alunos seguem prejudicados”, concluiu.
SAÚDE
Segundo Renato Moura, a Saúde no município de Ituiutaba enfrenta um rombo superior a seis milhões de reais, que segundo ele, seria proveniente da retirada de verba da pasta para custear a Expopec.
Apesar da inauguração recente de um novo pronto-socorro, Renato afirmou que a obra não resolveu os problemas da rede municipal. “Fizeram uma inauguração bonita, mas por dentro a falta de estrutura é muito grande. O prédio está de vidro espelhado, mas os servidores não têm condições adequadas de trabalho. A saúde de Ituiutaba está cada dia pior”, declarou.
Renato também citou a nomeação do então namorado da prefeita para o cargo de diretor do pronto-socorro, recebendo salário que ultrapassaria trinta mil reais mensais. “Não cumpria horário, não tinha perfil para o cargo. O contrato foi criminoso, orçado acima do permitido. O Ministério Público ainda pegou leve. Tinha que ter devolvido o dinheiro que recebeu”, criticou. O diretor deixou o cargo no dia 12 de outubro deste ano de 2025, após denúncia feita ao MP.
Ele também ironizou o discurso da prefeita sobre viagens a Brasília em busca de investimentos. “É muito blá blá blá. Foram a Brasília, mas nunca trouxeram nada concreto. Tentaram vender Ituiutaba com o pires na mão e não conseguiram”, disse.
Outro ponto citado foi o anúncio da criação do curso de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) em Ituiutaba, que, segundo Renato, retirou seis milhões de reais da área de oncologia. “Seis milhões não dá nem para equipar os laboratórios. Um curso de Medicina exige muito mais. É só uma jogada política em ano pré-eleitoral. Eu não sou contra, pelo contrário, mas sou contra criar expectativa sem estrutura para cumprir”, afirmou.
Na entrevista, ele ainda questionou anúncios de obras e projetos parados, como o estádio municipal. “É a velha política: soltar outdoor, gravar vídeo, fazer audiência pública perto de eleição. O estádio está parado, é um elefante branco caro de manter. A cidade não consegue resolver nem o básico, como a ligação pela BR-364”, declarou.
Renato concluiu destacando que 12 milhões de reais destinados à construção de um novo pronto-socorro no bairro Buritis podem ser devolvidos se não houver execução até junho do próximo ano. “Não tem nem projeto pronto. Se não gastar, vai ter que devolver o recurso. Mais uma vez, o dinheiro está aí, mas a administração prefere gastar em festas e contratos duvidosos”, finalizou.
“CAIXA PRETA” E ABANDONO DE ALIADOS
Na continuidade da entrevista, Renato Moura relacionou a gestão atual do município a episódios de traição política, abandono de aliados e mais supostos casos de corrupção.
Questionado por Jaderson Agostinho sobre Conrado Pereira, atual secretário de Saúde, Renato afirmou que foi responsável por aproximá-lo do grupo político da prefeita e de André Janones, mas que posteriormente sofreu boicote e “traição”.
Segundo ele, compromissos assumidos não foram cumpridos e antigos companheiros de campanha acabaram sendo descartados. “Compromisso, palavra, isso não é para qualquer pessoa, e essa turma nunca teve isso aí”, disse, ressaltando que, em sua visão, a prefeita e seus aliados adotam uma política marcada por interesse próprio.
Ao ser perguntado sobre as denúncias recentes feitas por Priscilla Barro de Moura, Renato disse acreditar que a apuração em âmbito local dificilmente terá resultados, mas defendeu que o material entregue ao Ministério Público Federal contém provas consistentes de irregularidades, como supostas práticas de rachadinha.
Renato afirmou ainda que a suspensão do benefício do Cartão do Povo estaria ligada ao fato de o programa não permitir retornos políticos ou financeiros à gestão. “Você não consegue fazer balcão de negócios com o Cartão do Povo. Não tem como bater na porta da família e pedir metade de volta. Por isso não pagam o décimo terceiro. Show tem, contrato tem, esse não tem”, criticou. Declarou ainda que “enquanto isso, pegam o dinheiro do povo pra pagar Luan Santana”.
Sobre Leandra Guedes, Moura citou a aquisição feita pela prefeita de Ituiutaba de uma casa de dois milhões de reais em condomínio fechado, a contratação de seguranças pessoais e o afastamento dela da prefeitura em plena pandemia para realizar procedimentos estéticos. “Ficou 40 dias sem ir na Prefeitura no primeiro mandato, durante a pandemia. Ela disse que estava sendo ameaçada, pra poder justificar a compra da casa num condomínio fechado. Eu vi que o projeto era de poder, de dinheiro, pra ficar rico, pra saquear a prefeitura da minha cidade”, afirmou.
Ele criticou ainda a falta de transparência na gestão. Segundo ele, a promessa da Prefeita Leandra Guedes de “abrir a Caixa Preta” feita em campanha não foi cumprida porque exporia práticas da própria prefeita e de sua família. “Se um dia abrir, vai estar lá cada um disputando o primeiro lugar na Caixa, com a cara. Não vai abrir Caixa Preta, isso é conversa fiada”, declarou, afirmando que Ituiutaba vive “a administração mais corrupta da história da cidade”.
CRÍTICAS À CÂMARA DOS VEREADORES E POSTURA CONSIDERADA “SERVIL”
Sobre a oposição dos vereadores na Câmara Municipal, Renato afirmou que ela começou firme, mas perdeu força com o tempo. “Eles tiveram uma vitória importante com a saída do diretor do pronto-socorro, após as denúncias que fizeram. Mas nem comemoraram como deveriam. Agora falta o Ministério Público agir. Ali não cabe só recomendação, foi crime, tem que devolver o dinheiro. Somente uma ‘recomendação’ por parte da promotoria pública não resolve. Crime tem que ser reparado”, ressaltou.
Ele também lamentou a falta de protagonismo dos vereadores diante de problemas recentes, afirmando que a Câmara deixou de cumprir seu papel de fiscalizar e enfrentar o Executivo. “A oposição esfriou, e a situação se mostra cada vez mais servil. A Câmara dos Vereadores perdeu a força de ser a voz do povo”.
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